Os gigantes da vigilância
A internet revolucionou o mundo em escala sem precedentes desde a invenção da eletricidade. Mais da metade da população mundial conta com a web para se comunicar com as pessoas próximas, ler notícias, procurar emprego ou encontrar uma informação urgente.Mas enquanto o acesso à internet vem sendo cada vez mais reconhecido como um direito humano, o serviço que garante esse direito é monopolizado sem maiores contrapartidas por apenas duas grandes empresas: Google e Facebook.
Um terço dos seres humanos do planeta utiliza serviços oferecidos pelo Facebook todos os dias.
O facebook dita os termos da conexão humana na era digital.E o Google é ainda mais abrangente: os mecanismos de busca são uma fonte de informação crucial e o Google detém algo próximo de 90% dos usos globais. O Chrome, seu navegador, é o browser dominante no mundo e o Youtube, sua plataforma de vídeo, é o segundo site mais acessado no mundo além de ser a maior plataforma global de vídeos. Pra completar, o sistema operacional do Google, Android, sustenta a vasta maioria dos smartphones que existem hoje.
A predominância do Android é particularmente importante porque os smartphones ampliaram a coleta de dados pessoais para além dos hábitos de navegação antes oferecidos pelo desktop. Os celulares estão cheios de e-mails pessoais, fotografias, eventos no calendário, contatos, além do mais importante: a localização.
Google e Facebook ajudaram a conectar o mundo e ofereceram serviços cruciais para bilhões de pessoas. Para participar significativamente da economia e sociedade de hoje, as pessoas contam com o acesso à internet - e com as ferramentas oferecidas por essas duas empresas. Mas esses serviços não vêm sem custo. O modelo de negócios baseado em vigilância dessas companhias força as pessoas à uma barganha Faustiana onde para se desfrutar de direitos humanos online é preciso submeter-se a um sistema que se sustenta sobre abusos desses mesmos direitos humanos. Primeiro um atentado à privacidade em uma escala nunca antes imaginada, depois todos os efeitos colaterais que colocam em risco diversos outros direitos, desde a liberdade de expressão e opinião, passando pela liberdade de pensamento e o direito à não-discriminação.
A erosão da privacidade nas mãos de Facebook e Google está intimamente ligada com o crescimento desenfreado dessas duas empresas, que nos últimos anos passaram a dominar o mercado e controlar a "praça pública" global. Esse controle absoluto fez com que o modelo de negócio das duas gigantes enveredasse por um caminho de vigilância onipresente que, ao criar uma cultura de espionagem sobre os usuários, coloca em risco os direitos humanos.
Esse é o argumento trazido pela Anistia Internacional em seu mais recente relatório "Surveillance giants: how the business model of Google and Facebook threatens human rights".
Disponível aqui - em PDF.
Os designers que utilizam a língua portuguesa enfrentam uma dificuldade real ao fazer telas de login que é: não temos uma palavra sem-gênero para substituir "Welcome". Se os clientes fossem mais desconstruídos poderíamos usar
Bem Vindes.
Você está navegando neste site há 2 minutos, tempo suficiente para 74 empresas coletarem seus dados.
O que você acha de comprar sua privacidade?